quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A vida vale a pena ser vivida

Como o debate sobre a eutanásia foi relançado em diversos países, Luis de Moya, tetraplégico, responde às questões que se pode colocar sobre as condições de vida de uma pessoa que perdeu toda a mobilidade e toda a sensibilidade.Luiz de Moya, padre do Opus Dei, foi vítima de um acidente rodoviário em 1991. Milagrosamente, conseguiu sair dele com vida, mas com a décima segunda vértebra cervical fraturada: perdeu toda mobilidade e toda sensibilidade.Sentir-se amadoDezesseis anos após seu acidente, ele afirma com doçura que “todo ser humano tem necessidade de um ambiente, onde se sinta amado, quer seja doente ou goze de boa saúde, seja jovem ou velho, tenha necessidade de uma cadeira de rodas ou não. Sentir-se compreendido e auxiliado pelos outros é uma necessidade do homem. Nós temos sentimentos e coração, nós nos alegramos com as boas notícias dos outros e choramos com aqueles que choram. Os animais não choram, eles não riem; o homem, sim”.O otimismo com o qual ele vive o seu mal surpreende a mais de uma pessoa. Declarou certa vez que ele se sentia “como um milionário que acabara de perder um bilhete de cinco euros”. Uma expressão, que ele explica de maneira otimista, com uma simplicidade desconcertante: “Não podia me permitir de entrar numa dinâmica negativa, se pensasse constantemente em minha desgraça de ter sido vítima de um acidente rodoviário. Sabia que deveria continuar trabalhando e exercendo meu ministério sacerdotal”. Logo depois de sua operação, ele procurou ver como “continuar a dar cursos e trabalhar como capelão da Escola de Arquitetura da Universidade de Navarra, depois, colaborar com os outros padres nas tarefas pastorais junto aos estudantes”.Isto não tem tanta importância ... mesmo que seja difícilContrariamente à impressão que possa dar, o abade de Moya não se define como um “marciano”, e ele não perdeu a cabeça. Tem consciência que sofreu “um acidente que lhe tirou a mobilidade” e ele acrescenta que “isso é algo que não tem tanta importância, mesmo que seja tão difícil de carregar todos os dias. O que importa, é saber que sou filho de Deus e que eu sei que Deus me ama, que Ele não me daria jamais uma coisa que fosse ruim. Se Deus tivesse permitido o acidente por maldade, na origem de meu traumatismo, Ele teria sido cruel. Mas isso nunca será possível em Deus. Deus é sempre bom, e tudo aquilo que recebo d´Ele é para o meu bem ou dos outros. É por isso que considero que não perdi um bilhete de baixo valor em comparação com os milhões que recebi d´Ele e que continuo a receber. Talvez pensemos muito pouco no que somos e no que valemos. Deus quis que sejamos pessoas. E a grandeza do ser humano, a grandeza da pessoa, não se encontram em sua mobilidade. Quantos animais nos ultrapassam em velocidade e em agilidade! Mas, eles não raciocinam, eles não amam, eles não têm uma vida eterna no Céu”.Para os paralíticos ... e sua famíliaCom todos esses anos de experiência “no comando” de uma cadeira de rodas, se ele tivesse de falar àqueles que vivem sua mesma situação, ele os encorajaria “a não entrarem na dinâmica negativa que consiste em adicionar, uma vez ou outra, as desgraças inumeráveis que vocês sofreram logo após esse acidente estúpido; não se deixem vencer pela preguiça ou não se deixem levar; não entrem nesse círculo vicioso: pobre de mim, tudo o que eu perdi, tudo o que eu não poderei mais fazer ...Pelo contrário, eu os encorajo a trabalhar, a procurar atividades, a esforçar-se para seguir um horário, sem olhar essas atividades como uma maneira de passar o tempo, um simples divertimento. Pensem naquilo que vocês têm ainda e na maneira de fazê-lo frutificar. Existem muitas coisas a serem feitas para não se ficar inativo”.Quanto às famílias e àqueles que cuidam dos acidentados, ele os encorajaria “a dar o máximo de valor a essa pessoa que vocês têm em casa, porque ela é um verdadeiro tesouro. Ela ajudará vocês a trabalhar pelos outros, a dar valor à vida. Quem dá amor recebe amor. Vocês se tornarão mais humanos, mais compreensivos. Eu diria a vocês para experimentarem sua responsabilidade de amar, com obras, para aquele que tanto necessita e que dá a impressão de ter sido colocado ao lado deles para ajudá-los a amar. Tenham a certeza que nisto, e mais do que em qualquer outra coisa, encontra-se a grandeza de cada um”.

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